15 outubro, 2010

Update borgiano

Uma criatura nova que Borges esqueceu de catalogar em seu O livro dos seres imaginários:

Dilmáquio Rousseffalion

Segundo a mitologia brasileira contemporânea existe determinado ser que possui a capacidade singular de lentamente rejuvenescer o seu rosto, também sabe aparentar ser tanto crente como herege, dependendo das vantagens da situação. Esse seria o Dilmáquio Rousseffalion. Certas fontes dizem que tem intenções de arrancar os fetos das barrigas de suas mães com o interesse de deles se alimentar, outras, porém, afirmam que apenas deseja libertar as mulheres do peso imposto pelos dogmas de outras crenças baseadas também em seres imaginários, como Deus. Há quem diga que conspira com a ajuda de outras entidades assemelhadas para roubar o ouro dos homens, outros que quer distribuir o ouro entre os menos afortunados. Consta que em tempos passados já foi um guerreiro revolucionário. Sobre uma criatura tão incerta sabe-se muito pouco. Na hierarquia da zoologia fantástica está logo abaixo do Dirceodonte que por sua vez é inferior ao Lulicórnio de nove dedos. Seu arqui-inimigo é um vampiro de olhos profundos cujos dentes são de Serra.

10 comentários:

  1. Medo dela, mas tb do tal vampiro, difícil saber quem é o menos pior. Devem ser das mais nefastas da lista do Borges. Imagino, pq ainda não li o livro. Mas lerei, prometo!
    Bjos, Paula.

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  2. Dia 31 de outubro começamos a descobrir, ou não.
    Bjos, Paulinha.

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  3. Walter Fanganiello Maierovitch, formado em 1971, é Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo, foi juiz eleitoral, é colunista da revista Carta Capital, e presidente do Instituto Giovanni Falcone, o juiz italiano dinamitado pela máfia, e com quem Maierovitch trabalhou.

    A seguir, os trechos principais dessa entrevista:

    Estamos em 1988, na disputa pela prefeitura de São Paulo.

    Os candidatos eram o deputado federal José Serra, Paulo Maluf e João Leiva.

    Maierovitch era Juiz da 2ª. Zona Eleitoral.

    Flavio Bierrenbach, hoje Ministro do Tribunal Superior Militar, no dia 29 de outubro de 1988 foi ao horário eleitoral gratuito e faz a seguinte declaração:

    No dia 15 de novembro, João Leiva vai ter que derrotar dois Malufs.

    Um Maluf todo mundo conhece, aquele que nasceu no lodo da ditadura.

    O outro poucos conhecem.

    José Serra entrou pobre como Secretario do Planejamento de Franco Montoro e saiu rico.

    Prejudicou muitos de seus ex-companheiros.

    Como o outro Maluf, tem uma ambição sem limite.

    Como o outro Maluf, Serra usa o poder de forma cruel, corrupta e prepotente.

    Serra pediu direito de resposta no horário eleitoral.

    Maierovitch deferiu

    Além disso, Serra entrou com uma representação, para que tudo fosse encaminhado ao Ministério Público, já que ele tinha sido caluniado, difamado e injuriado.

    O advogado de Serra era Mario Covas Neto.

    Maierovitch encaminhou ao Ministério Público denúncia de Serra contra Bierrenbach.

    A denúncia de Serra mostrava que ele tinha sido caluniado, porque Bierrenbach dissera que ele entrou pobre no Governo Montoro e saiu rico; e porque usa o poder de forma corrupta.

    A denúncia dizia que Serra tinha sido difamado, porque Bierrenbach tinha dito que o outro Maluf poucos conheciam; que ele enganara muita gente, e que tinha feito uma campanha milionária para deputado federal.

    A denúncia de Serra dizia que Bierrenbach o tinha injuriado, porque disse que ele, como Maluf, tem uma ambição sem limites; que, pelo poder, é capaz de tudo.

    Maierovith aceitou um recurso de Bierrenbach: queria a “exceção da verdade”.

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  4. Ou seja, queria provar que tinha dito a verdade.

    Maierovitch recebeu e encaminhou os pedidos de Bierrenbach para ter acesso à declaração de renda de Serra à Receita Federal, à movimentação de contas em bancos, à prestação de contas de Serra à Justiça Eleitoral, à convocação de testemunhas.

    Tudo deferido.

    Serra entra com mandado de segurança para que Maierovitch fosse afastado do caso e tudo passasse ao Supremo Tribunal Federal (*).

    Maierovitch indeferiu o pedido.

    Levou em consideração a própria jurisprudência do STF: o juiz natural da ação era, de fato, Maierovitch.

    Serra mudou de tática.

    E disse que, pensando bem, não tinha sido nem “caluniado”, nem “difamado”.

    Tinha sido, apenas, “injuriado”.

    Sabe por que, amigo navegante ?

    Porque na Justiça Eleitoral, no crime de “injúria” não cabe a “exceção da verdade” – ou seja, não cabe pedir o direito de mostrar as provas.

    Maierovitch recusou o “pensando bem” de Serra.

    E mandou buscar as provas que Bierrenbach disse que tinha de que Serra entrou pobre e saiu rico do Governo Montoro e usava o poder de forma corrupta.

    Maierovitch considerou que não podia julgar antes.

    Ou seja, não podia, antes de ver as “provas” de Bierrenbach, se havia calunia e difamação ou não.

    Surpresa.

    No Tribunal Regional de São Paulo, o desembargador Carlos Alberto Ortiz suspendeu o processo, até que novo mandado de segurança de Serra, agora assinado pelo advogado Marcio Thomaz Bastos (**), fosse julgado.

    O mandado foi distribuído para o Juiz Francisco Prado, que assumiu o cargo de juiz por indicação do governador Mario Covas.

    Estamos aí, portanto, “num ambiente tucano”, diz Maierovitch.

    O processo, aí, parou.

    Ficou “travado”, como se diz na Justiça brasileira.

    Depois de ser Juiz, Francisco Prado foi Secretario de Habitação de Mario Covas.

    E Secretario do Emprego do Governo Alckmin.

    Em 1997, Prado teve que deixar o Tribunal.

    Deixou atrás de si um cartório de processos não julgados.

    Mas, antes de sair, julgou o mandado de segurança de Serra.

    Veja bem, amigo navegante, o fato se deu em 1988.

    Prado julgou em 1997.

    Levou quatro anos com o mandado de segurança em cima da mesa.

    E o que descobriu Prado ?

    Que os crimes estavam prescritos.

    Conclusão de Maierovitch: que pena, nunca se soube se Serra é ladrão!

    (*) É o que Daniel Dantas tentou fazer contra Fausto De Sanctis. Trata-se de um precursor …

    (**) Na hora em que a onça começou a beber água, Serra trocou um advogado tucano por um petista …

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  5. Ou seja, queria provar que tinha dito a verdade.

    Maierovitch recebeu e encaminhou os pedidos de Bierrenbach para ter acesso à declaração de renda de Serra à Receita Federal, à movimentação de contas em bancos, à prestação de contas de Serra à Justiça Eleitoral, à convocação de testemunhas.

    Tudo deferido.

    Serra entra com mandado de segurança para que Maierovitch fosse afastado do caso e tudo passasse ao Supremo Tribunal Federal (*).

    Maierovitch indeferiu o pedido.

    Levou em consideração a própria jurisprudência do STF: o juiz natural da ação era, de fato, Maierovitch.

    Serra mudou de tática.

    E disse que, pensando bem, não tinha sido nem “caluniado”, nem “difamado”.

    Tinha sido, apenas, “injuriado”.

    Sabe por que, amigo navegante ?

    Porque na Justiça Eleitoral, no crime de “injúria” não cabe a “exceção da verdade” – ou seja, não cabe pedir o direito de mostrar as provas.

    Maierovitch recusou o “pensando bem” de Serra.

    E mandou buscar as provas que Bierrenbach disse que tinha de que Serra entrou pobre e saiu rico do Governo Montoro e usava o poder de forma corrupta.

    Maierovitch considerou que não podia julgar antes.

    Ou seja, não podia, antes de ver as “provas” de Bierrenbach, se havia calunia e difamação ou não.

    Surpresa.

    No Tribunal Regional de São Paulo, o desembargador Carlos Alberto Ortiz suspendeu o processo, até que novo mandado de segurança de Serra, agora assinado pelo advogado Marcio Thomaz Bastos (**), fosse julgado.

    O mandado foi distribuído para o Juiz Francisco Prado, que assumiu o cargo de juiz por indicação do governador Mario Covas.

    Estamos aí, portanto, “num ambiente tucano”, diz Maierovitch.

    O processo, aí, parou.

    Ficou “travado”, como se diz na Justiça brasileira.

    Depois de ser Juiz, Francisco Prado foi Secretario de Habitação de Mario Covas.

    E Secretario do Emprego do Governo Alckmin.

    Em 1997, Prado teve que deixar o Tribunal.

    Deixou atrás de si um cartório de processos não julgados.

    Mas, antes de sair, julgou o mandado de segurança de Serra.

    Veja bem, amigo navegante, o fato se deu em 1988.

    Prado julgou em 1997.

    Levou quatro anos com o mandado de segurança em cima da mesa.

    E o que descobriu Prado ?

    Que os crimes estavam prescritos.

    Conclusão de Maierovitch: que pena, nunca se soube se Serra é ladrão!

    (*) É o que Daniel Dantas tentou fazer contra Fausto De Sanctis. Trata-se de um precursor …

    (**) Na hora em que a onça começou a beber água, Serra trocou um advogado tucano por um petista …

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  6. Ou seja, queria provar que tinha dito a verdade.

    Maierovitch recebeu e encaminhou os pedidos de Bierrenbach para ter acesso à declaração de renda de Serra à Receita Federal, à movimentação de contas em bancos, à prestação de contas de Serra à Justiça Eleitoral, à convocação de testemunhas.

    Tudo deferido.

    Serra entra com mandado de segurança para que Maierovitch fosse afastado do caso e tudo passasse ao Supremo Tribunal Federal (*).

    Maierovitch indeferiu o pedido.

    Levou em consideração a própria jurisprudência do STF: o juiz natural da ação era, de fato, Maierovitch.

    Serra mudou de tática.

    E disse que, pensando bem, não tinha sido nem “caluniado”, nem “difamado”.

    Tinha sido, apenas, “injuriado”.

    Sabe por que, amigo navegante ?

    Porque na Justiça Eleitoral, no crime de “injúria” não cabe a “exceção da verdade” – ou seja, não cabe pedir o direito de mostrar as provas.

    Maierovitch recusou o “pensando bem” de Serra.

    E mandou buscar as provas que Bierrenbach disse que tinha de que Serra entrou pobre e saiu rico do Governo Montoro e usava o poder de forma corrupta.

    Maierovitch considerou que não podia julgar antes.

    Ou seja, não podia, antes de ver as “provas” de Bierrenbach, se havia calunia e difamação ou não.

    Surpresa.

    No Tribunal Regional de São Paulo, o desembargador Carlos Alberto Ortiz suspendeu o processo, até que novo mandado de segurança de Serra, agora assinado pelo advogado Marcio Thomaz Bastos (**), fosse julgado.

    O mandado foi distribuído para o Juiz Francisco Prado, que assumiu o cargo de juiz por indicação do governador Mario Covas.

    Estamos aí, portanto, “num ambiente tucano”, diz Maierovitch.

    O processo, aí, parou.

    Ficou “travado”, como se diz na Justiça brasileira.

    Depois de ser Juiz, Francisco Prado foi Secretario de Habitação de Mario Covas.

    E Secretario do Emprego do Governo Alckmin.

    Em 1997, Prado teve que deixar o Tribunal.

    Deixou atrás de si um cartório de processos não julgados.

    Mas, antes de sair, julgou o mandado de segurança de Serra.

    Veja bem, amigo navegante, o fato se deu em 1988.

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  7. Prado julgou em 1997.

    Levou quatro anos com o mandado de segurança em cima da mesa.

    E o que descobriu Prado ?

    Que os crimes estavam prescritos.

    Conclusão de Maierovitch: que pena, nunca se soube se Serra é ladrão!

    (*) É o que Daniel Dantas tentou fazer contra Fausto De Sanctis. Trata-se de um precursor …

    (**) Na hora em que a onça começou a beber água, Serra trocou um advogado tucano por um petista …

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  8. Caro Paulo Henrique.

    –1. Seguem os meus telefones, sem precisar procurar a Mara, mencionada no seu texto.

    –2. Antes de mais nada. Não tenho filiação política partidária e nem religião. Não busco cargos e não tenho vocação para me tornar parlamentar.

    Sou independente e não faço média. Para deixar claro: votei para o Galeno Amorim (PT), Luiza Erundina (PSB), Aloísio Nunes Ferreira (PSDB), Marta (PT), Fábio Feldman(PV) e Dilma (PT).

    Como dediquei a minha vida ao estudo da criminalidade organizada transnacional, com especial atenção ao comportamento dos seus membros e como se movem quando apanhados pela Justiça, o Serra nunca perdi de vista. Isto pelo comportamento em face do processo criminal em que tudo fez para não ser apurada a exceção da verdade proposta pelo Flávio Bierrembach: até o advogado Marcio T.Bastos foi contratado para substituir o filho do Covas (advogado do Serra).
    Mais ainda, à época dois plantonistas desigados pelo Serra revezavam-se no Cartório Eleitoral. Cumpriam a tarefa de evitar a saída, por erro cartorial, de ofícios que indagavam das movimentações financeiras de Serra, estas necessárias para comprovar o arguído por Berrembach. Também para apurar, pois ventilado, eventual compra de uma mansão no aristocrático bairro da City Lapa, dada como domícilio e residência de Serra : os ofícios, em razão da liminar, tinham sido apensados ao autos processuais. E Serra, recém eleito deputado federal, defendia, nos autos, a privacidade e não transparência. Em resumo, e daí os plantonistas,, não desejava que, com as expedições dos ofícios suspensos por liminar, viessem respostas. Destaco essa passagem por ter lido entrevista de Serra a sustentar “nunca ter sido envolvido em processos escandalosos referente a corrupção”.
    A propósito, na Máfia, quer na siciliana, quer na Cosa Nostra sículo-norte-americana, esconder o patrimônio e se passar por “furbo” (espertalhão) é a regra adotada pelos capi dei capi (chefões). Só que tem um particular, de natureza ética, como ressaltado no episódio a envolver Bernardo Provenzano. O referido Provenzano, já chefe dos chefes da Máfia e foragido por mais de 40 anos sem deixar o comando da organização e tirar os pés da Sicilia, avisou o procurador nacional antimáfia, quando preso e posto à sua frente: – “Vamos deixar claro. O senhor faz o esbirro e eu o mafioso. Cada um na sua, sem disfarces”. Depois do aviso e contente por não esconder o que era, mergulhou no mais absoluto silêncio.

    Em termos de transparência, prefiro Provenzano a Serra.

    Atenciosamente.

    Wálter Fanganiello Maierovitch

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  9. Caro Paulo Henrique.

    –1. Seguem os meus telefones, sem precisar procurar a Mara, mencionada no seu texto.

    –2. Antes de mais nada. Não tenho filiação política partidária e nem religião. Não busco cargos e não tenho vocação para me tornar parlamentar.

    Sou independente e não faço média. Para deixar claro: votei para o Galeno Amorim (PT), Luiza Erundina (PSB), Aloísio Nunes Ferreira (PSDB), Marta (PT), Fábio Feldman(PV) e Dilma (PT).

    Como dediquei a minha vida ao estudo da criminalidade organizada transnacional, com especial atenção ao comportamento dos seus membros e como se movem quando apanhados pela Justiça, o Serra nunca perdi de vista. Isto pelo comportamento em face do processo criminal em que tudo fez para não ser apurada a exceção da verdade proposta pelo Flávio Bierrembach: até o advogado Marcio T.Bastos foi contratado para substituir o filho do Covas (advogado do Serra).

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  10. Mais ainda, à época dois plantonistas desigados pelo Serra revezavam-se no Cartório Eleitoral. Cumpriam a tarefa de evitar a saída, por erro cartorial, de ofícios que indagavam das movimentações financeiras de Serra, estas necessárias para comprovar o arguído por Berrembach. Também para apurar, pois ventilado, eventual compra de uma mansão no aristocrático bairro da City Lapa, dada como domícilio e residência de Serra : os ofícios, em razão da liminar, tinham sido apensados ao autos processuais. E Serra, recém eleito deputado federal, defendia, nos autos, a privacidade e não transparência. Em resumo, e daí os plantonistas,, não desejava que, com as expedições dos ofícios suspensos por liminar, viessem respostas. Destaco essa passagem por ter lido entrevista de Serra a sustentar “nunca ter sido envolvido em processos escandalosos referente a corrupção”.
    A propósito, na Máfia, quer na siciliana, quer na Cosa Nostra sículo-norte-americana, esconder o patrimônio e se passar por “furbo” (espertalhão) é a regra adotada pelos capi dei capi (chefões). Só que tem um particular, de natureza ética, como ressaltado no episódio a envolver Bernardo Provenzano. O referido Provenzano, já chefe dos chefes da Máfia e foragido por mais de 40 anos sem deixar o comando da organização e tirar os pés da Sicilia, avisou o procurador nacional antimáfia, quando preso e posto à sua frente: – “Vamos deixar claro. O senhor faz o esbirro e eu o mafioso. Cada um na sua, sem disfarces”. Depois do aviso e contente por não esconder o que era, mergulhou no mais absoluto silêncio.

    Em termos de transparência, prefiro Provenzano a Serra.

    Atenciosamente.

    Wálter Fanganiello Maierovitch

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