19 fevereiro, 2011

Carnal

Seu corpo, querida,
é carne
Meu corpo é carne
também
Sessenta e cinco quilos
de carne
Somos só mesmo
carne
carne
carne
nada mais
Da sua faço
alimento
É carne caça
quando eu a persigo
É carne escassa
seus ossos empurrando a
pele
Mas é muita
nessa sua mania de
regime
É ousada, e você pede:
me come!
Sua carne é
nossa carne em
seu peso
que meu corpo
sustenta
É carne frouxa
quando envelhece
E sintética
se você pôr mesmo o tal
silicone
Sua carne declina
se descobre uma
celulite
Deprecia
se procuro
outra carne
Mas valoriza
quando sinto
saudade
Assim funciona o
mercado da
carne
Sua carne foge de mim
se eu esqueço do
aniversário
É carne ilícita
se eu a
estupre
Um alvo
se eu lhe
ejacule
E alva
se desistimos da
praia
Por fim,
sua carne é finda
no seu corpo que eu
sepulte
Sua carne é
minha
carne
Carne de segunda
Carne de todo dia
Carne que eu
mastigo,
engulo,
digiro,
vomito
e como de novo.

3 comentários:

  1. Ei! Achei que tinha desistido do blog. Gostei!
    Bjos, Paula.

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  2. Sim! Dois meses depois, Paulinha, tô de volta. Aproveitei que o blogger criou uns recursos novos pra mudar o template. bjo.

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  3. Sim, adorei a cara nova :)
    P.

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