Nunca se lembrava até a hora de viajar, aí que atinava da falta que lhe fazia ter uma escova de dentes para viagens. Das que se esconde a ponta invertendo-a dentro do próprio cabo, transformando o espaço que uma escova de dentes ocupa no de meia escova, isolando a parte que limpa os dentes e que deveria ficar sempre limpa. Um objeto extremamente prático. Higiênico. Inteligente. A prova da capacidade humana de criar a utilidade de forma simples e objetiva, funcional.
Então pegava uma escova comum, a sua de todo dia, e enrolava em papel-toalha depois de escovar os dentes pela última vez antes de sair, e jogava num bolso na mala de mão. E anotava mentalmente, como tinha o hábito de dizer, que deveria comprar uma escova de dentes para viagens quando voltasse, ou mesmo em alguma farmácia ou mercado na rodoviária quando lá chegasse, porque é lá que elas com certeza tinham que ser vendidas. Onde mais que onde se viaja? Então compraria lá mesmo, sempre haveria cinco minutos de folga.
Mas com dezenas de plataformas de embarque e pelo menos uns cinco portões diferentes quem se lembra de escovas?
No hotel escovava os dentes num banheiro inédito, que possuía novos interesses, como os azulejos invertidos, por exemplo, e ele não reparava tanto nela, ainda mais que tinha que sair e visitar e demonstrar e convencer, tudo dali a alguns instantes.
Na viagem de volta era um homem cansado, e homens cansados que trabalharam e dormiram em camas estranhas com cheiros estranhos de muitos estranhos, não se lembram de muita coisa a não ser da própria cama com o próprio cheiro.
E uma vez em casa ele era apenas cansaço, e só no dia seguinte que desfaria as malas, e ao pegar a sua escova de dentes de todos os dias e que já conhecia três estados da nação, ele outra vez se lembraria da falta que fazia possuir uma escova de dentes de viagem como já vira outros terem, outros mais prevenidos que ele. Desenrolava o papel da ponta de sua escova, ondulado de umidade, e jogava no lixo do banheiro. Usava a escova para o seu fim nobre, depois a recolocava no seu encaixe no armário na parede em cima do lavatório, que era onde ela se encaixava como se tivesse sido feita para ali se encaixar ou o encaixe que tivesse sido feito para que ela ali se encaixasse. Ali, não nos bolsos das malas onde deveria haver uma prática escova de dentes portátil, que ele compraria tão logo se lembrasse que deveria comprar uma, assim que precisasse de uma, da próxima vez em que fosse viajar. O que deveria ocorrer logo na semana seguinte, porque o seu trabalho exigia que viajasse sempre. Por isso mesmo que deveria comprar uma escova de dentes de viagem.
Então pegava uma escova comum, a sua de todo dia, e enrolava em papel-toalha depois de escovar os dentes pela última vez antes de sair, e jogava num bolso na mala de mão. E anotava mentalmente, como tinha o hábito de dizer, que deveria comprar uma escova de dentes para viagens quando voltasse, ou mesmo em alguma farmácia ou mercado na rodoviária quando lá chegasse, porque é lá que elas com certeza tinham que ser vendidas. Onde mais que onde se viaja? Então compraria lá mesmo, sempre haveria cinco minutos de folga.
Mas com dezenas de plataformas de embarque e pelo menos uns cinco portões diferentes quem se lembra de escovas?
No hotel escovava os dentes num banheiro inédito, que possuía novos interesses, como os azulejos invertidos, por exemplo, e ele não reparava tanto nela, ainda mais que tinha que sair e visitar e demonstrar e convencer, tudo dali a alguns instantes.
Na viagem de volta era um homem cansado, e homens cansados que trabalharam e dormiram em camas estranhas com cheiros estranhos de muitos estranhos, não se lembram de muita coisa a não ser da própria cama com o próprio cheiro.
E uma vez em casa ele era apenas cansaço, e só no dia seguinte que desfaria as malas, e ao pegar a sua escova de dentes de todos os dias e que já conhecia três estados da nação, ele outra vez se lembraria da falta que fazia possuir uma escova de dentes de viagem como já vira outros terem, outros mais prevenidos que ele. Desenrolava o papel da ponta de sua escova, ondulado de umidade, e jogava no lixo do banheiro. Usava a escova para o seu fim nobre, depois a recolocava no seu encaixe no armário na parede em cima do lavatório, que era onde ela se encaixava como se tivesse sido feita para ali se encaixar ou o encaixe que tivesse sido feito para que ela ali se encaixasse. Ali, não nos bolsos das malas onde deveria haver uma prática escova de dentes portátil, que ele compraria tão logo se lembrasse que deveria comprar uma, assim que precisasse de uma, da próxima vez em que fosse viajar. O que deveria ocorrer logo na semana seguinte, porque o seu trabalho exigia que viajasse sempre. Por isso mesmo que deveria comprar uma escova de dentes de viagem.
Isso me lembra que também preciso comprar uma!
ResponderExcluirJá tava com saudade, agora vai ser semanal?
Paula.
Algo em torno de semanal.
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